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  • Foto do escritorThiago Dias

A Genética e o Esporte

Atualizado: 6 de jul. de 2021

A performance esportiva é determinada por uma complexa combinação de fatores biológicos, comportamentais e ambientais. Desses, a genética é um dos mais discutidos entre os determinantes para alcançar a excelência atlética.


O atleta que alcança outro patamar de desempenho corresponde a uma pequena parcela, sendo estes considerados verdadeiros fenômenos da biologia. Estudos apontam que atletas de elite contam com a presença de combinações genéticas incomuns que favorecem o desempenho atlético.


Para uma melhor compreensão dos conceitos de genética, os termos genótipo e fenótipo devem estar bem esclarecidos. Genótipo corresponde ao conjunto de genes de um ser vivo, é a parte relacionada a composição genética da estrutura celular. Características morfológicas como altura e comprimento de ossos são determinadas, em sua grande maioria, pelos genes.


O fenótipo, por sua vez, refere-se ao resultado final do genótipo associado a outros dois fatores, são eles: epigenética e fatores ambientais não-hereditários.

A epigenética é o ramo da biologia que estuda as mudanças que ocorrem no funcionamento do gene que não são causadas por alterações na sequência de DNA, como por exemplo alterações na expressão do gene. Fatores ambientais não-hereditários correspondem às modificações causadas pelo cenário que cerca o indivíduo, como o treinamento físico, clima, educação e escolaridade e condições sanitárias.


Resumindo, o fenótipo corresponde a apresentação final do ser vivo somando suas características individuais, genéticas e hereditárias condicionadas pelo ambiente e cenário de desenvolvimento inserido.


O que diferencia o genótipo dos atletas das demais pessoas da população diz respeito às variantes no código genético relacionados a modulação do fenótipo de performance atlética. De uma maneira simplificada, a construção de um atleta se inicia com o treinamento físico (fator ambiental), o qual induz adaptações morfofisiológicas e seu grau de adaptação depende, entre diversos fatores, da presença de variantes genéticas que modulam a resposta ao estímulo. A performance física é poligênica e multifatorial.


Os fenótipos relacionados a performance física são poligênicos. Aproximadamente 200 variantes em genes específicos já foram identificadas e mostraram influenciar, em graus variados, os fenótipos de capacidade cardiorrespiratória, resistência, força e potência muscular e tolerância ao exercício físico. Alguns genes se destacam entre as variantes de maior impacto no que se refere ao fenótipo de atleta de elite. Um exemplo é a modulação da eritropoietina (EPO; cromossomo 7q22), aumentando a capacidade de transporte de oxigênio no sangue. Outro grupo de genes que demonstram grande influência na performance física correspondem àqueles que induzem a uma maior sinalização fisiológica e resposta ao treino, promovendo maior hipertrofia e recuperação muscular, como os genes relacionados ao fator de crescimento semelhante à insulina tipo I (IGF 1 A; cromossomo 12q22-q23).


O sequenciamento e mapeamento de DNA está se tornando uma prática cada vez mais comum, identificando e rastreando novos genes relacionados a uma determinada função. A WADA (World Anti-Doping Agency) acreditando que no futuro esses genes pudesse ser utilizados no esporte profissional, categorizou o doping genético na lista de substâncias proibidas. A definição de doping genético pela WADA é a seguinte: “Uso não terapêutico de células, genes, elementos genéticos ou a modulação da expressão gênica com potencial em aumentar a performance atlética”.


Em ambiente laboratorial, animais já tiveram suas funções fisiológicas ampliadas por meio de modificações nos sequenciamento genético, sendo já observados aumentos na hipertrofia muscular e dos níveis de hematócrito através da manipulação da expressão de genes específicos.


O esporte profissional tem no seu hall da fama atletas com histórico familiar de sucesso no esporte, o que reforça a idéia da presença de uma genética favorável ao desempenho físico. No futebol americano, por exemplo, logo de cara pensamos no sobrenome Manning. Archie Manning, quarterback do New Orleans Saints de 1971 a 1982, indicado duas vezes para o Pro Bowl, tem dois filhos que também atuaram como quarterbacks na NFL: Peyton e Eli.


Peyton Manning é considerado um dos melhores quarterbacks de todos os tempos. No ano de 1998 foi a primeira escolha do draft pelo Indianapolis Colts. Ao longo de sua carreira quebrou diversos recordes e foi eleito cinco vezes o jogador mais valioso da liga e indicado quatorze vezes para o Pro Bowl. Alcançou um nível de destaque tão grande que se tornou uma personalidade da cultura norte-americana representando o esporte em seu mais alto nível.


Eli Manning, o irmão caçula, foi o primeiro selecionado do draft de 2004 pelo San Diego Chargers e imediatamente trocado ao New York Giants, franquia que defendeu por toda sua carreira e pela qual conquistou dois títulos do Super Bowl, ambos contra o New England Patriots de Tom Brady.


Eli, Peyton e Archie Manning fonte: endzonebrasil.com.br

Texto e pesquisa de autoria de Thiago Dias, médico do Flamengo Imperadores.

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