O crescimento do futebol americano no Brasil é indiscutível. Novos times em diferentes estados surgem a cada semestre e com isso novas ligas e torneios estaduais acompanham esse desenvolvimento.
A popularização do esporte tem se mostrado muito presente no público feminino. Em 2019 podemos citar momentos históricos como o Training Camp do Brasil Onças e a final da BFA entre Curitiba Silverhawks e Bangu Castores. Em virtude deste desenvolvimento, torna-se fundamental que informações relacionadas a saúde da mulher sejam difundidas entre a comunidade do futebol americano brasileiro.
Quando falamos de saúde da mulher no esporte é muito importante citar uma das condições mais comuns que afetam esse grupo, a Tríade da Mulher Atleta. Esse quadro corresponde a uma associação entre alteração da menstruação e desbalanço energético, de sintomatologia silenciosa, podendo elevar o risco de lesões.
Para melhor compreensão, devemos primeiro entender como ocorre a alteração da menstruação nesse quadro e quando chamamos essa condição de Tríade da Mulher Atleta.
A Amenorréia Hipotalâmica Disfuncional é uma condição em que a menstruação é inibida por alterações no hipotálamo, onde a secreção de gonadotrofina (GnRH) encontra-se reduzida.
Umas das causas dessa patologia é a prática de exercícios físicos não acompanhada de alimentação adequada, criando um desbalanço energético. Nesse cenário metabólico desfavorável, funções fisiológicas são prejudicadas como a redução na produção de estrogênio.
A menstruação pode não aparecer durante o mês ou acontecer com frequências irregulares, como em períodos maiores que 35 dias. Em situações de mulheres muito jovens, o primeiro episódio de menstruação (Menarca) pode não ocorrer.
No caso de atletas, quando presentes as seguintes alterações: baixa disponibilidade energética, alteração da função menstrual e baixa densidade mineral óssea, chama-se o quadro de Tríade da Mulher Atleta.
A baixa densidade mineral óssea é geralmente percebida em episódios de fraturas. Isso ocorre devido a diminuição dos níveis de estrogênio, que interfere diretamente no metabolismo ósseo, fragilizando-o.
Em 2014, foi realizado um estudo com 259 mulheres com média de idade de 18 (+/- 0.3) anos, avaliando a presença de condições associadas a Tríade da Mulher Atleta (densidade óssea, função menstrual e horas semanais de exercício) e a ocorrência de lesões através de um acompanhamento prospectivo. Os resultados mostraram que a presença de uma condição aumentou o risco de lesões em 15 a 20% e que o acúmulo dessas condições pode elevar o risco de lesões para 30 a 50%.
Dessa forma, a melhor maneira de prevenir a Tríade da Mulher Atleta está na adequação nutricional ao exercício, realizando-o com segurança e acompanhamento profissional. Nos casos de atletas que apresentem alterações na saúde mental, como transtornos alimentares ou alterações do humor, buscar ajuda profissional com um psicólogo/psiquiatra é fundamental.
Referências:
1) Barrack MT, Gibbs JC, De Souza MJ, et al. Higher incidence of bone stress injuries with increasing female athlete triad-related risk factors: a prospective multisite study of exercising girls and women. Am J Sports Med. 2014
Texto e pesquisa de autoria de Thiago Dias, médico do Flamengo Imperadores.
Comments